31 outubro 2006

buganvília

Bem, toca a alegrar, que ainda ninguém morreu! E, então, com umas buganvílias tão lindas, que sempre acabaram por me dar as suas florinhas, haveríamos de estar para aqui a carpir mágoas? Hem? Está tudo maluco ou quê?
Toca a reagir, malta! Ainda não perceberam que têm montes de coisas com que se preocupar? As inundações do ex, as vacas que precisam ser mais alimentadas, da minha anónima brasileira, o sapinho da Ana e...
Bem, esta é que me tramou! Óh! Maria? Você é a única que não tem problemas ou anda a esconder alguma coisa cá da malta? Hem? Se não tiver, diga! Sempre se há-de arranjar alguma coisinha!
NÃO! NÃO! NÃO click na foto! Vai ficar um tempão para abrir! Está com uma resolução de 2.000. Cheguei tarde? Conseguiu? Olha, valha-nos isso! Posted by Picasa

Sonhos e ruínas





Quando, em 1990, comprei esta casa e trouxe cá a minha família, toda a gente viu uma casa velha e que ficava "no fim do mundo". A minha visão era completamente diferente. De carro, demoramos menos de cinco minutos a chegar ao Funchal, de autocarro 10 e a pé nuns 20 minutos chegamos ao centro. O acesso à via rápida fica a dois minutos de casa. Que mais pedir?

Quanto ao ser velha... É certo que é uma casa antiga, mas bastou pintá-la toda de novo, cimentar a entrada para o carro e a visão da minha família mudou completamente. Apesar de defenderem que deveria ter deitado umas paredes abaixo para construir espaços mais largos (coisa que nunca pensaria em fazer, porque uma das coisas de que gostei foi, exactamente, desta compartimentação que me permite ter um espaço dedicado a cada função), a casa passou a ser "um grande negócio!". E até foi. Comprei-a por nove mil contos e um ano depois já me ofereciam 15 mil. Respondi, a brincar, que só a vendia por 20 mil e a pessoa interessada respondeu imediatamente: "Tenho comprador." Quando vi que a coisa era a sério, respondi que não a vendia por preço nenhum.

Adorei a casa desde o primeiro instante. Não vi o que ela era, naquele momento. Vi o que poderia ser. Sonhei que, um dia, encontraria um homem com quem a partilhar. Com o elevado preço dos terrenos, imaginei que, num futuro distante, meus filhos quereriam construir aqui as suas casas. Bastaria subir um andar na casa principal para fazer dois T1 ou, então, construir aí uma das casas e reconstruir esta ruína (na foto) que consta da planta da casa, para outro dos filhos. Daria aqui um lindo duplex.

Hoje, essas ilusões já não têm razão de ser. Meus filhos cresceram e preferem ser "independentes". Cada um deles sonha em ficar com a casa, mas se fosse só deles. Como não estou a pensar morrer tão cedo e como imagino a dificuldade que teriam em decidir a qual deles caberia a sorte de cá ficar, não vejo que os seus sonhos se realizem.

A verdade é que, com tudo isto, esta casa perdeu, para mim, muita da sua razão de ser. Não me imagino a viver aqui sozinha, perdida nas suas 10 divisões (cozinha e casas de banhos incluídas, já para não falar na "loja" que tenho no exterior, onde tenho a lavandaria).

Só que não estava sozinha. Parte do sonho ainda existia e, então, à força de muito trabalho, fui construindo o jardim. Sonhei que este ano teria possibilidades de reconstruir a ruína, não para fazer um duplex, mas para criar ali uma zona de churrascaria fechada, onde se pudesse estar no inverno. Sonhei que conseguiria, finalmente, retirar a rede e construir um muro bonito, desde a entrada até ao miradouro. Sonhei com um novo portão e com um muro feito de pedra emparelhada, bem à moda da Madeira. Imaginei que era desta vez que iria decorar os mais de 21 metros quadrados do terraço, para ali fazer uma outra zona de estar.

Dizem que "o Homem sonha e a obra nasce", mas nem sempre é assim.

A minha vida deu uma volta tão grande que, neste momento, só tenho uma certeza: este será o último Natal que passarei nesta casa! A imagem da tenda partida parece-me uma daquelas linhas tortas com que Deus escreve, para me dizer que "a casa foi abaixo". A certeza bateu tão fundo que, nestes últimos dias, dei por mim a pensar se valerá a pena continuar a lutar pelo jardim, pela casa, pelos meus sonhos perdidos. A resposta é só uma: tenho de a deixar bonita para quem vier a seguir!

28 outubro 2006

efeitos

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estrelícia

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filhote de Arabela

Como pode uma criatura destas, tão frágil,
resistir às tempestades, quando o mais que a rodeia sucumbe?

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27 outubro 2006

o prometido é devido


Tal como prometido aquando do desafio para que me lançassem frases a partir das quais pudesse construir histórias, deixo-vos com uma imagem mais pormenorizada das duas orquídeas que já tenho. Durmam bem, que eu vou fazer por isso!

25 outubro 2006

e tudo o vento levou...

O vendaval e as chuvadas de ontem fizeram os seus estragos na quinta. A primeira vítima foi o miradouro, cujas tendas não resistiram.

Seguiu-se a tenda da anoneira grande, local onde fazemos as nossas patuscadas. Era a que confiava que pudesse resistir, visto estar protegida pela árvore. Qual quê? Talvez por isso mesmo, isto é, devido ao abanar dos ramos fustigados pelo vento, acabou por ficar com a estrutura partida em vários pontos. Ainda tem arranjo!

Há que ter calma e recomeçar de novo, aprender com a situação e não voltar a deixar as tendas armadas no Inverno.
Ou, então, tal como agora faço, aceitar o inevitável. Não foi nada que me surpreendesse. Há muito que pensava que isto pudesse acontecer e, talvez por isso, reagi calmamente à situação.
Quem não ficou lá muito satisfeito foi o P. Ontem, quando cheguei a casa, estava mesmo triste, estado de alma que raras vezes lhe vejo. Coitado. Ver estragado tanto trabalho nuns minutinhos só.
Estoicamente, resistiu à chuvada e, debaixo da estrondosa trovoada que se fazia sentir, ainda tentou salvar uma das tendas do miradouro, a paliçada de urze, o banco e a mesinha.
Cheguei já de noite e o temporal que ainda se fazia sentir impediu-me de ir ver os estragos.
Fomos agora fazer o balanço da situação. As fotos ilustram como ficou a quinta.
O que vale é que hoje está de sol! SOL! SOL!
Há que meter mãos à obra e recomeçar tudo de novo.
Vão-se os anéis!...
Fiquem os dedos para trabalhar!

24 outubro 2006

sou mais eu no inverno

Chega o Inverno e cá estou eu em toda a minha nudez. A alma despe-se das máscaras de fortaleza e serenidade com que me enfeito o resto do ano. Sinto-me frágil, pequenina, perante as forças da Natureza. Apetecem-me carinhos e abraços, o aconchego de braços fortes, o sossego protector do lar.
A vida, no entanto, nem sempre nos reserva o apetecido e lá tenho de enfrentar as agruras da Natureza, aceitá-la tal qual ela é e orar à Virgem, a Deus e a todos os Santos para que me protejam. É tempo, quase que diria, da maior espiritualidade. De colocar-me nas mãos divinas com toda a Fé e esperar que os desígnios dos Céus tenham o meu destino bem traçado.
É nesta hora, também, que todos os meus sentimentos maternais assomam à flor da pele. Temo pelos meus filhos quando sei estarem na estrada no meio do temporal. Morro de medo de perdê-los, receio que não entendam os riscos e fico ainda mais tristonha quando gozam dos meus medos a que chamam "dramas". "Não stresses, mãe", dizem eles, mas mal sabem o que me vai na alma.
É nesta altura do ano, também, em que mais penso na minha mãe, sozinha numa casa em tempos recheada de dez pessoas. Cada trovão que me assusta faz-me pensar no medo que ela também - sei-o bem - está a sentir. Apetece-me aninhá-la, confortá-la, chamá-la para bem perto de mim. Quem sabe, dois medos não se consolariam?
E a minha casa? É no Inverno que mais preocupações me dá! As telhas estarão no sítio certo? Terão os gatos dos vizinhos tirado alguma do sítio? E é andar a espreitar os tectos, a ver se alguma pinta de água os começa a tingir. Só para marcar o sítio, que em cima de telha molhada não se anda. Terá de se aguardar até ficar seca, senão o certo é partir-se uma série delas e complicar-se o problema.
Começa a ser hora, também, de regressar às origens e calçar as minhas botas de viloa (ou vilhoa, como cá se diz).
É tempo de Inverno. Estou nua!
Enfim! Sem qualquer dúvida: "Sou mais eu no Inverno!"
Bem! Já vi que tenho uma série de respostas a dar e vou aproveitar para responder em directo. Ez, a minha anoneira pequena tinha pouco mais de dois metros e já dava anonas melhores que a árvore grande. É só esperar que cresça! Quanto às aranhas, partilho do mesmo receio. Tenho uma filhota da Arabela no meu jardim. Já está maior do que a finada mãe. Um dia destes mostro-a. Vai prosseguindo a visita. Pelos vistos estás a percorrer o blog. Bjs.
Quanto ao anónimo que me lançou o desafio "sou mais eu no Inverno"... Só agora vi essa mensagem, bem como uma série de outras, no meu mail. Não têm resposta no blog porque teria de percorrê-lo todo à procura desses comentários (que me vieram para o mail) e agora não tenho tempo.
Estou a preparar-me para sair, mas espere pela resposta ao desafio.
"Sou mais eu no Inverno". Bela frase!


















As fotos não são minhas, nem sei de quem são. Foram-me enviadas por um amigo, (que tem os blogs buzico e olhares) devido à sua beleza. A minha homenagem ao fotógrafo e a toda esta equipa de montanhistas.

Só as uso para ilustrar o quanto a Madeira tem de belo e, por vezes, de perigoso. Reparem onde está o homem, na foto grande. Caminhar por um sítio destes, ainda por cima com neve, só para especialistas, como parece ser o caso. É o caminho para o Pico Ruivo, o mais alto da Ilha.
Para verem melhor as fotos pequenas, dêem um click em cima das mesmas.

o sol, quando nasce...




... é para todos? Pelos vistos não! Só o Funchal parece ter uns pequenos raios de sol a iluminá-lo. O resto é negro!
O dia amanheceu de luto. Parecia um presságio! As mortes aconteceram na parte da tarde. É daquelas notícias que detesto escrever. Dois turistas perderam a vida na Madeira, quando apreciavam um dos mais belos cenários da ilha: o conhecido Véu da Noiva, uma queda de água que cai de uma falésia enorme sobre o mar, passando como uma cortina sobre uma pequena estrada cortada na falésia. O carro foi apanhado por uma derrocada e arrastado para o mar de uma altura de 50 metros.
Fica aqui o alerta: a Madeira é linda, mas tem os seus perigos. Poucos seriam os madeirenses que se atreveriam a passar por aquela estrada com um tempo destes. É uma via praticamente abandonada. Paralelamente, existe uma estrada nova, em túnel, mas a tentação de apreciar o aspecto selvagem da paisagem faz esquecer o risco que se corre. O calor que ainda se sente, o vento que se seguiu e a chuva que ontem caíu tinham todos os ingredientes para provocar uma derrocada numa falésia que é impossível consolidar na totalidade. Aquela queda de água, ao passar na falésia, vai trazendo consigo as pedras soltas que encontra. O calor dilata, parte e solta as pedras. Quanto maior é o volume de água, maior o risco, entendem?
Ontem, por um triz que não tivemos de noticiar também a morte de um ou mais jornalistas que faziam a reportagem no local. Tínhamos acabado de recolher os elementos necessários quando uma pedra caíu sobre o tripé da máquina de uma das televisões. Foi um susto valente!
Quando vierem à Ilha, antes de irem passear em carros alugados, tenham o cuidado de perguntar quais os riscos dos sítios que querem visitar. De preferência, aluguem um táxi ou integrem-se numa excursão. São profissionais que conhecem bem a Ilha e vos levarão em segurança. Os microclimas da Ilha fazem com que saiamos do Funchal com bom tempo para, pouco depois, nos podermos ver envolvidos em denso nevoeiro, característico de determinadas zonas. Não conhecer a estrada é arriscar-se a um acidente.
As lindas e tão promovidas levadas, por exemplo, têm vários níveis de risco. Em algumas só se deve passear com guias especializados. Foram construídas à beira de abismos e basta escorregar para se perder a vida. Ir em busca de socorro, por vezes, demora horas.
Não se aventurem por sítios que desconhecem. Muitos turistas têm morrido nessas levadas.
Há dois anos um turista francês andou perdido durante uns dois dias no meio da serra. Estava bem próximo de uma localidade, mas deve ter andado às voltas no meio da floresta e não encontrou o rumo certo.
Acontece com os próprios madeirenses! O meu filho mais velho, apesar dos muitos avisos que lhe faço, caíu o ano passado numa falésia. Foi urinar num sítio que lhe pareceu firme, a terra abriu-se sob os seus pés e lá foi ele por ali abaixo. Foi uma queda livre. Só parou 60 metros abaixo, porque ficou pendurado num ramo que saía paralelo à falésia. Era a única árvore que ali havia! Dali para baixo eram mais 20 metros em queda livre. Esteve duas horas pendurado até ser resgatado pelos bombeiros. Nenhum dos amigos com que estava o viu cair. A sorte foi ter telemóvel (e haver rede na zona). Foi um milagre, mas estes raramente acontecem!
Lembrem-se! A Ilha parece pequena e inofensiva, mas nem sempre é assim! Muito menos com este tempo!

23 outubro 2006

Um pouco de verde para alegrar



Num dia destes, sabe bem o verde do jardim, contrastando com o cinzento da distância.

a coisa "tá" preta!




O meu miradouro hoje parece a beira de uma cratera de vulcão! Lá das profundezas da Ribeira de João Gomes sobe um nevoeiro espesso, qual fumo de lava. Ora se dilui, ora se avoluma. Ora esconde o cenário, ora o deixa vislumbrar. São segundos de diferença entre um estado e outro, que quase se torna impossível captar todos os momentos.
Apesar de tristonha, a imagem não deixa de ter a sua beleza. É a Natureza no seu aspecto mais negativo, mas não menos belo.

22 outubro 2006

jardim de inverno

O Inverno chegou e a anunciada chuva não se fez esperar. Os meus movimentos lá fora continuam limitados, não propriamente pelos aguaceiros ou pelo vento - sempre há umas abertas em que seria possível trabalhar o jardim - mas porque a saúde ainda não está para brincadeiras. Sei, por experiência própria, o que é uma pneumonia e esta bronquite que se instalou deixa-me sensível a este tempo. Não posso arriscar-me a ficar doente agora e a solução, nesta minha missão de vos ir mostrando a evolução de um jardim, com as flores próprias de cada época, é cingir-me ao meu pequeno jardim interior. Chamemos-lhe o jardim de inverno.
No meio do deserto floral em que o jardim exterior se encontra - que diabo, a Natureza também descansa - é ainda mais consolador ver nascer uma flor. Principalmente esta, uma outra orquídea, flores que se esperaria serem mais próprias de tempos quentes do que propriamente do inverno.
Deve ser da temperatura, que para esta época do ano ainda está alta. Ou, quiçá, do aconchego que a planta sentiu neste recanto da casa, quase estufa, com a luz do sol chamando-a à vida através das clarabóias que se encontram no tecto.
O que é certo é que a orquídea, hoje, lá fez desabrochar uma nova florzinha e os dois botões que ainda se encontram na ponta da haste indiciam ir no mesmo caminho.
A batateira-doce, que no local onde se encontrava anteriormente fazia pender os seus ramos em direcção ao chão, lá notou que, aqui, neste corredor, teria de olhar para os céus. Assim fez e é ver todo um movimento de folhas verdes erguendo-se, quase querendo subir a parede.
São pequenas mudanças, de facto, as que tenho para vos mostrar nestes tempos de inverno, mas é esse o tempo próprio das coisas.
Confesso que começo a ficar algo preocupada com a escassez de notícias sobre a quinta, mas, como dizia alguém, um dia destes, nos comentários, em tempos de chuva e frio apetece ficar a ler e a ouvir boa música.
Música não tenho para vos dar, mas posso contar-vos histórias para entreter estes tempos. Se quiserem, podemos brincar. Lancem-me uma frase. Uma qualquer. A partir dela tentarei escrever-vos uma história. Aceitam? Em troca, prometo que vos mostro uma foto pormenorizada destas orquídeas.
Já que não temos flores, façamos florir a palavra!

21 outubro 2006

castanha em grande



Esta é feita com o mesmo tecido da castanhinha e creme daquele conjunto inicial de três malas.
Uma das coisas de que mais gosto nesta mala é do tom do forro. É um castanho com reflexos acobreados. Esta já é uma mala grande. Tem 25 cm de altura por 33 de comprimento. As alças são de pano e pregadas na parte exterior da mala. Aqui tem um ar um pouco tristonho, mas garanto que está gira. Fi-la hoje, entre as 16 e as 20 horas.
Espero que a pessoa para quem a fiz a aprecie. É a única coisa que espero! É para isso que as faço. Para que se sintam felizes. Quem não as quiser, não quer. Ponto final!

nova versão



A segunda malinha preta, de alça metálica, acabou por ficar desta forma. Toda forradinha a preto. Alça feita com o mesmo tecido da mala, tendo, na parte inicial, uma aplicações de lantejoulas.
Já foi entregue, mas uma vez mais, fiquei sem saber se a presenteada gostou!

espanta-espíritos

Por norma não tenho medo das pessoas. Não por sempre e apenas ter encontrado das que têm bom coração, mas por achar que, mesmo as más, guardam algo de bom dentro delas. É preciso é encontrar esse ponto.
Pois bem! Não tenho medo das pessoas, mas confesso: há aspectos da Natureza que me amedrontam. Trovoadas, vento ou chuva demasiado fortes, o mar, naqueles dias de tempestade... Sinto-me pequena, indefesa, impotente perante todas essas forças. Tenho de fazer um esforço para não entrar em pânico. Verdade!
A situação agravou-se, especialmente, desde que vim para esta casa. Essencialmente, pelo facto de estar rodeada de árvores. O barulho dos ramos fustigados pelo vento faz com que este pareça sempre maior do que é. Temo que uma das árvores atraia algum dos raios ou me caia sobre a casa. A chuva forte faz-me sonhar com enxurradas, que me deixam encurralada dentro destas quatro paredes.
Antes de ir para a cama, nesses dias, adoptei o sistema de ir à porta, ver com meus próprios olhos, qual a dimensão da coisa. Isso acalma-me, faz-me sentir mais segura e consciente de que não está tão mal como parece.
Em Julho, depois da construção da tenda branca da entrada, resolvi pendurar num dos seus varões o meu espanta-espíritos. Adoro o leve murmúrio dos seus sininhos, quando varridos pela brisa. Mais tarde, descobri que quanto maior é o vento, mais música me dão.
A partir daí, o assustador rugido do vento passou a ser mais suportável. Sobre ele permanece o tocar dos sinos do espanta-espíritos, embalando o meu sono, aninhando-me a alma para o sono.
Acho que, no fundo, o espanta-espíritos funcionou. Pelo menos para mim. Espanta-me o medo! Pelo menos parte dele! Já não é mau.
Tenho de arranjar mais meia-dúzia deles!

20 outubro 2006

trocas e baldrocas

Esta foi a breve vida desta malinha. Embora as fotos não a favoreçam, está muito querida.
Ainda não estava concluída quando tirei estas fotos. Para ficar como modelo futuro. É que as outras duas malinhas, a preta e a castanha do outro dia, andaram a trocar-me as voltas.
A colega a quem tinha destinado a castanha, gostou mais da preta. A que ia ficar com a preta, achou-a um mimo e não a quis trocar com a colega. Hoje telefonou-me a pedir para aumentar a alça, para a poder usar cruzada no peito e bem comprida.
Desmanchar? Isso não. Resolvi trocar a alça metálica desta por uma de pano mais comprida e dá-la à colega que tinha a outra mala preta.
Essa colega entregou a primeira mala preta à amiga que tinha a castanha. A mala castanha, por seu turno, vai para uma outra colega que trabalha amanhã e que, assim, terá um surpresa.
Complicado? Nem por isso. Mais complicado foi emendar esta!

19 outubro 2006

é pr'ó menino e pr'á menina!


Este pé de maravilhas (ou alegrias da casa) nasceu sozinho no cântaro (palavra madeirense que quer dizer vaso) da bromélia.
Veio sozinho e fez o que bem lhe apeteceu. Contrariando a ordem natural das coisas, vai disto, começou a dar flores todas diferentes. Não sei porquê, cheira-me que é do Benfica, mas tanto vai disfarçando, ora com flores brancas, outras tingidas de vermelho, que tenho andado com dúvidas. Ando com ele debaixo de olho. Um dia destes, quem sabe, nasce uma florzinha preta e branca, aos quadradinhos. Sim! Também tenho direito! Boavista, pois claro!
Enfim, a verdade é que hoje, ao olhar para a foto, lembrei-me daquele pregão tão típico de Lisboa: "É pró menino e prá menina!". Pois é. Dá para todos os gostos!
A imagem traz-me outra associação: a de minha mãe, que teve sete filhos "à Benetton": "todos iguais, todos diferentes". É mais ou menos assim o lema, não é?
Cá em casa é a mesma coisa. Um dos meus filhos gosta de bolo de bolacha; o outro não. Um gosta de massa, o outro de arroz. Um de feijoada, o outro detesta(va). Tantas são as diferenças que muitas vezes não sei qual é o que gosta disto ou daquilo.
Um dia destes fiz um bolo de bolacha. Adoro! Telefonei ao meu filho mais novo e disse-lhe para passar cá por casa, para lhe dar um pouco do bolo. Ele veio, agradeceu e levou. Dias mais tarde fiz novo bolo. Como estava com a mão na massa, fiz um inteirinho para ele. E lá se repetiu a cena, só que quando ele cá chegou, disse-me assim quase que a medo: "Mãe, dá-me só um quartinho desse bolo que fizeste para mim!" Fiquei preocupada. Pensei que estava doente. Foi aí que me confessou que não gostava de bolo de bolacha. O irmão é que adorava. COITADO do mano mais velho, que tinha ficado sem nada! Cheia de culpas lá fui fazer um bolinho para o primogénito. Com o bolo de chocolate é a mesma história. Um gosta dele coberto e recheado (bem recheado!!!!), o outro só gosta dele simples.
Moral da história: tenho de fazer uma lista com as diferenças deles. Mas não deixa de ter piada! É assim como com a maravilha. Cada florinha tem o seu estilo e mãe que se desenrasque!

18 outubro 2006

Malas da chuva

Estes dois últimos dias de chuva trouxeram-me inspiração! O ano passado, aproveitei o Inverno para fazer vários tipos de cachecóis. Agora deu-me para fazer malas.


Esta castanhinha é feita de tecido grosso salpicado de ouro. O efeito do tecido, aqui pouco visível, é o que mais graça dá à carteira. O fecho e a alça são de cordão dourado.





A preta é também de tecido,
só que o efeito maior vem do
seu riscado.
No fecho, bordei uma espécie
de estrela, com uma pérola no meio
e com raios de canudinhos coloridos.
A alça é do mesmo tecido da bolsa.











A florida é de seda.
As alças são de cordão preto.
Todas as malinhas são
forradas como deve ser.










E aqui estão elas todas juntinhas. A mala maior é de colocar ao ombro e por baixo da axila, como agora é moda.

As minhas criações não se ficarão por aqui. Com a embalagem com que estou, amanhã sou capaz de ter mais uma ou duas feitas.

luzes para os navegantes nocturnos























Então assim não
é melhorzinho?
Com luzinhas e tudo!
Ainda me tropeça numa pedra!
Não quero que parta a cabeça
aqui no meu jardim.
E veja bem que horas são!
Então isto são horas de andar
a passear na minha quinta?!!
Juizinho, hem?!!

17 outubro 2006

A orquídea e a batata doce



Acho que a orquídea acordou curiosa com a nova vizinha que lhe arranjei. Plebeia demais para a aristocrata orquídea, diga-se de passagem. Uma simples batateira-doce, que alheia à vaidade da orquídea altaneira, vai derramando folhas pelo móvel abaixo. Deu-se bem, a minha batatinha! Docinha como é, resolveu lembrar-me que quase do nada é possível fazer milagres. Achei que merecia algum relevo, a minha gratidão pelo verde que me dá e acomodei-a numa taça bem azulinha. Cor de bebé! Sentindo-se aninhada, a batatinha desatou a crescer. Não há-de ficar por aqui! A ver vamos!
A orquídea não quis ficar atrás. Abriu a face espantada para o dia chuvoso que lhe caíu em sorte. Tens luz, aguinha, mais calor do que tinhas antes!... Vá lá! De que estás à espera para me dares os teus outros botões?

ABRIU! ABRIU!


VIVA!!!!!!

"esparto"

16 outubro 2006

paleta


Onde
foi Deus
inventar
estas cores?!!

perspectiva

É o fim do caminho!
O que demorei a cá chegar!
O trabalho! Os sonhos!
Está tudo consumado nestas pequenas pedras, carregadas, colocadas por nós dois com tanto carinho.
As flores! As ervas daninhas! As regas!
Tanta coisa que encerra este nosso fim do mundo da quinta, culminado com o miradouro com que tanto sonhei.
Olhar a quinta desta perspectiva é quase olhar o passado, o caminho percorrido, o que se deixou para trás. Lá ao fundo ainda se vislumbram as sombras! A luz clara do cimento (quem sabe, alegrias plantadas algum dia e que teimam em permanecer acesas) e o verde (será da esperança?).
Mas, olha, vês? Vês o vermelhinho das cadeiras? É o Amor! Teimoso!
Meio esbatinho, "né"?
Mas ficou! Acho que quem pisa estas pedras sente isso!
Talvez por isso se sintam bem.

simplicidade


Palavras para quê?